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Authors: Helen Fielding

O DIÁRIO DE BRIDGET JONES (27 page)

BOOK: O DIÁRIO DE BRIDGET JONES
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  • O
    que você está fazendo aqui?!!! Eu disse que NÃO
    ERA PARA TRAZER NINGUÉM PARA DORMIR.
    14h.
    Nossa, dormi demais.
    19h.
    Trem de King's Cross.
    Ai, Deus. Encontrei com Jude no Hotel George às três.
    Íamos assistir a um
    show
    de Pergunta e Resposta mas tomamos alguns
    bloody
    marys
    e lembramos
    que isso não nos faria bem. Você fica supertensa
    tentando acertar uma resposta, levantando e abaixando a mão.
    Finalmente, consegue fazer a pergunta, com o corpo meio inclinado
    para a frente e com uma voz esganiçada, depois senta morrendo
    de vergonha, balançando a cabeça como um cachorro no
    banco traseiro de um carro, enquanto dão uma resposta que
    leva vinte minutos, na qual você não tem o menor
    interesse. Para encurtar a história: quando percebemos, já
    eram cinco e meia e Perpétua chegou junto com umas pessoas da
    editora.

  • Ah,
    Bridget, que espetáculos você viu? - perguntou, bem
    alto. Fez-se um grande silêncio.

  • Eu
    estou indo agora ... - comecei, muito segura - ...pegar o trem.

  • Não
    assistiu a nada, não é? - perguntou, ameaçadora.

    De todo jeito, me deve 75 libras pelo quarto.

  • Como?
    - gaguejei.

  • Isso
    mesmo! Seriam 50 libras, mas há um acréscimo de 50%
    para mais uma pessoa no quarto.

  • Mas
    no meu quarto não tinha ...

  • Ah,
    Bridget, não venha com essa, todo mundo sabe que você
    estava com um homem no quarto - disse ela. Mas não se
    preocupe. Isso não é amor, é apenas Edimburgo.
    Vou dar um jeito de fazer com que Daniel saiba e aprenda a lição.

SEGUNDA-FEIRA,
28 DE AGOSTO
59,8kg
(muita cerveja e batata recheada), 6 unidades alcoólicas, 20
cigarros, 2.856 calorias.
Recebi
um recado de mamãe na secretária eletrônica
perguntando o que eu achava de ganhar um batedor elétrico no
Natal e me lembrando que este ano o Natal cai numa segunda-feira e
por isso ela gostaria de saber se eu ia para casa na sexta-feira à
noite ou no sábado.

Um
fato menos irritante: recebi uma carta de Richard Finch, editor do
Boa tarde!
,
me oferecendo um emprego, acho. Dizia assim:

Muito
bem, querida. Você está no ar
.

TERÇA-FEIRA,
29 DE AGOSTO
58kg,
0 unidade alcoólica (m.b.), 1.456 calorias (alimentação
saudável pré-emprego novo).
10h30.
Trabalho.
Acabo de
ligar para Patchouli, a assistente de Richard Finch, e saber que só
devo começar a trabalhar na próxima semana. Não
entendo nada de televisão mas dane-se, estou num beco sem
saída aqui na editora e agora ficou muito humilhante trabalhar
com Daniel. É melhor eu ir contar a ele.
11h15.
Não acredito. Daniel ficou me olhando, branco como uma vela.

  • Você
    não pode fazer uma coisa dessas. Não pode imaginar
    como as últimas semanas foram difíceis para mim.

Quando
estava dizendo isso, Perpétua entrou de repente (devia estar
ouvindo do outro lado da porta).

  • Daniel
    - explodiu ela.

    Seu egoísta, manipulador, chantagista emocional. Pelo amor de
    Deus, foi você que terminou com ela. Então, bem que
    podia parar com essa merda.

De
repente pensei que eu poderia gostar muito de Perpétua, mas
não lesbicamente.

SETEMBRO

Subindo
no escape do Corpo de Bombeiros

SEGUNDA-FEIRA,
4 DE SETEMBRO

57kg,
0 unidade alcoólica, 27 cigarros, 15 calorias, 145 minutos
gastos em conversas imaginárias com Daniel dizendo o que penso
dele (bom, melhor).

8h.
Primeiro dia no novo trabalho. Devo começar demonstrando muito
interesse, calma, transmitindo uma imagem confiante. E sem fumar.
Fumar é sinal de fraqueza e acabar com a autoridade da pessoa.

8h30.
Mamãe acaba de ligar, achei que era para me desejar boa sorte
no novo trabalho.


Adivinha
o que aconteceu, querida? - começou ela.


O
quê?


Elaine
convidou você para as bodas de rubi dela! - anunciou, fazendo
uma pausa ofegante e ansiosa.

Deu um branco na
minha cabeça. Elaine? Brian-e-Elaine? Colin-e-Elaine?
Elaine-mulher-de-Gordon-quefoi-chefe-da-Tarmacadam-em-Kettering?


Ela
achou que seria ótimo ter alguns jovens para fazer companhia a
Mark.

Ah
Malcolm
e
Elaine. Progenitores do superperfeito Marcy Darcy.


Parece
que ele disse a Elaine que acha você muito interessante.


Ah
não minta! - reclamei. Mas gostei de saber.


Bom
acho que foi isso que ele quis dizer, querida.


Mas
o que ele disse? - perguntei, desconfiada.


Disse
que você era muito...


Mãe...


Bom,
a palavra exata que ele usou, querida, foi bizarra. Mas é uma
graça não?
Bizarra.
Você pode
perguntar direito para ele nas bodas.


Eu
não vou até, Huntingdon para comemorar as bodas de rubi
de um casal com quem falei uma vez na vida, durante oito segundos,
quando tinha três anos de idade, só para me jogar na
frente de um divorciado rico que me acha bizarra.


Ah,
não seja boba, querida.

Acabei concordando.


Acho
que tenho de ir à festa- admiti feito uma boba, já que
mamãe como sempre começou a falar sem parar como se eu
se eu estivesse no corredor da morte e aquele fosse nosso último
contato antes de me aplicarem uma injeção letal


Ele
estava ganhando milhares de libras por hora. Tinha relógio
sobre a mesa, tique-taque, tique-taque, tique-taque. E já
contei que vi Mavis Enderby na agência do correio?


Mamãe,
hoje é o meu primeiro dia de trabalho. Estou nervosa. Não
quero ficar falando de Mavis Enderby.


Ó
meu Santo Pai, querida! Que roupa você vai usar na festa?


A
minissaia preta com uma camiseta.


Ah,
desse jeito você vai parecer uma mendiga maltrapilha. Use
alguma coisa elegante, de cores vivas. Que tal aquele lindo
duas-peças cereja? Aliás, contei que Una está
num cruzeiro pelo Nilo?

Argh. Fiquei me
sentindo tão mal depois que ela desligou que fumei cinco Silk
Cut, um atrás do outro. Não foi um bom começo de
dia.

21h.
Estou na cama,
completamente exausta. Tinha esquecido como é horrível
começar num emprego novo: ninguém conhece você,
então a sua personalidade passa a ser definida por qualquer
comentário ao acaso ou qualquer coisa um pouco diferente que
diz. Não dá nem para retocar a maquiagem sem ter de
perguntar onde fica o banheiro.

Cheguei atrasada,
mas não por culpa minha. Foi impossível entrar no
estúdio da tevê, porque eu não tinha o crachá
e a portaria era guardada por aqueles seguranças que acham que
o trabalho deles consiste em evitar que os funcionários entrem
no prédio. Quando finalmente consegui chegar à recepção
não podia subir sem que alguém descesse para me buscar.
A essa altura já eram 9h25 e a reunião era às
nove e meia. Patchouli acabou aparecendo com dois enormes cães
latindo, um dos quais pulou em cima de mim e ficou lambendo minha
cara, enquanto o outro colocava a cabeça debaixo da minha
saia.


Os
cachorros são de Richard. Não são o máximo?
– perguntou ela.

Vou levar os dois para o carro.


Não
vou me atrasar para a reunião? - perguntei, desesperada,
segurando a cabeça do cachorro no meio das minhas pernas e
tentando afastá-lo. Ela me olhou de alto a baixo, como se
dissesse "E daí?", e sumiu, puxando os cachorros.

Quando entrei na
redação, a reunião já tinha começado
e todo mundo ficou me olhando, menos Richard, cujo corpo avantajado
estava apertado num estranho paletó verde de lã.


Entre,
entre - disse ele, agitado, mostrando a mesa com as duas mãos.

Estou pensando na edição das nove. Estou pensando em
padres corruptos. Estou pensando em atos sexuais dentro da igreja,
Estou pensando em por que mulheres se apaixonam por padres. Vamos lá,
você não está sendo paga para ficar quieta. Tenha
uma idéia.


Por
que você não entrevista Joanna Trollope? - perguntei.


Trolha?
- disse ele, me olhando sem entender.

Que trolha?


Joanna
Trollope. A autora do livro
A
mulher do padre-reitor,
que
apareceu na tevê.
A
mulher do padre-reitor.
Ela
deve saber.

Ele deu um sorriso
satisfeito.


Ótimo
- falou, olhando para meu peito.

Grande idéia. Alguém tem o telefone da Joanna Trollope?

Houve um longo
silêncio.


Bom,
eu tenho - acabei dizendo, sentindo vibrações de ódio
vindas dos jovens
grunges.

Quando
a reunião terminou, corri para me ajeitar no banheiro e lá
encontrei Patchouli com uma amiga, que usava um vestido pintado que
deixava aparecer as calcinhas - e a cintura.


Não
é muito exagerado, é? - perguntou a amiga de Patchouli.

Você tinha de ver aquelas peruas de trinta e poucos anos quando
eu entrei. Levaram um susto!

Perceberam que eu
estava ali e me olharam, surpresas, tapando a boca com as mãos.


Não
estávamos nos referindo a você - disseram.

Não tenho
certeza se vou conseguir agüentar isso.

SÁBADO,
9 DE SETEMBRO
56,2kg
(a grande vantagem de ter um emprego novo é emagrecer, graças
à tensão que provoca), 4 unidades alcoólicas, 10
cigarros, 1.876 calorias, 24 minutos gastos com conversas imaginárias
com Daniel (excelente), 94 minutos imaginando conversas com mamãe
nas quais os meus argumentos venceram.
11h30.
Por quê, ai, por que fui dar a chave do meu apartamento para
mamãe? Pela primeira vez em cinco semanas eu estava começando
um fim de semana sem ter vontade de olhar para as paredes e chorar.
Tinha trabalhado a semana inteira. Estava começando a achar
que tudo ia dar certo, eu não seria mais
necessariamente
devorada por um pastor-alemão. Foi nesse instante que mamãe
entrou, carregando uma máquina de costura.

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